sexta-feira, 8 de julho de 2011

Não adianta soprar



Pra dor de (perda de) amor não adianta soprar nem dar beijinho. Nem tem mertiolate que cure. Tem de deixar doer até sarar sozinho. Que nem machucado. Se colocar band aid é pior, demora mais a cicatrizar. 

Não entre em pânico. Se dói, é bom sinal. Sinal que você ultrapassou o medo – o primeiro estágio do fim, que faz a gente postergar o término até não aguentar mais. E agora já está próxima ao terceiro estágio, o da ansiedade, que é quando você vai buscar loucamente algo novo para tapar o seu buraco. Diga-se de passagem, um buraco que é só seu e vai viver pra sempre com você. Um namorado só vai tampá-lo, jamais preenchê-lo. 

E aí chegamos no ponto chave: o tal buraco. É ele o que nos faz viver. Porque a sensação de incompletude, sempre presente, é o que nos faz buscar, aprender, experimentar. A ilusão de que é possível preencher esse querido buraquinho interno é que faz a gente continuar tentando ser feliz, de uma maneira ou de outra. Só que quando você perde uma tampa, o buraco fica mais evidente,mais exposto, e dói. Uma dor que chega a ser física. Porque nosso cérebro é físico.

Mas tem tantas tampas por aí, de variadas cores, tamanhos, formas. Basta não se apegar à tampa antiga, e conseguir ajustar a nova, pra caber direitinho. Cá entre nós, não há ajuste perfeito, sempre sobra um espacinho, que é pra você permanecer respirando.

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